Mesmo com a redução do ritmo de corte da Selic, o ministro da Previdência Social,Carlos Lupi, ainda vê espaço para “reduzir um pouquinho” o teto da taxa de juros que pode ser cobrada no crédito consignado a aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social(INSS).
A proposta será apresentada na próxima reunião do Conselho Nacional de Previdência Social(CNPS), na segunda-feira (27). Atualmente, o teto é de 1,68% ao mês. Lupi vem propondo que a taxa caia proporcionalmente às reduções que são feitas na Selic. Já representantes de bancos no conselho defendem que o teto seja calculado conforme a variação dos juros futuros com vencimento em dois anos. “As instituições estão tentando vender a ideia de que esse parâmetro [Selic] gera prejuízo”, afirmou o ministro.
Na avaliação de Lupi, o que existe é uma guerra por mercado,e as instituições financeiras maiores estão perdendo para as menores que têm condições de oferecer taxas mais atrativas aos clientes. “O empréstimo atual pode ser substituído por um novo, oferecido por um outro banco que geralmente oferece taxa mais vantajosa. É a briga entre eles”, ressaltou. Questionado se vai parar de propor novas reduções para o teto do consignado caso o BC interrompa o ciclo de cortes da Selic, o ministro afirmou que, para os próximos meses, a ideia é analisar o impacto de mudança na taxa de juros do mercado externo, especialmente nos Estados Unidos, para depois decidir os próximos passos.
O ministro criticou os bancos privados que alegam que o patamar dos juros é muito baixo para bancar os custos da operação. “Os [grandes] bancos estão usando essa perda de mercado para falar que não dá para reduzir os juros”, pontuou Lupi. Dados Dataprev apresentados pelo ministro mostram que as instituições financeiras médio e pequeno portes ganharam mais espaço no consignado do INSS comparando primeiro trimestre de 2023 (quando ainda não havia reduções teto) com o primeiro trimestre deste ano. Elas saíram de participação de mercado 54,49%para 60,04%em comparação coma dos seis maiores bancos,que passaram de 45,51%para 39,96%.
Levantamento da Dataprev ainda mostra um aumento de cerca de 15%em 2023 (8.967.367) nos contratos ativos na “margem livre” em relação ao ano de 2022 (7.784.861). Os números computam as portabilidades. Os bancos alegam que essa metodologia é “errada”. Em nota ao Valor,a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou que o parâmetro de juros futuros de dois anos é “o custo que o’ mercado utiliza para todos os produtos de empréstimo, de curto a longo prazo”.
Fonte: O Valor